22 de ago. de 2011

Joias do cinema mudo ainda estão ocultas em coleções e arquivos

Sessão do Festival Internacional do Filme Mudo

Não há muito mais para se ver, em termos de filme mudo – diziam os céticos quando foi criado em Bonn o festival dedicado ao gênero. O sucesso do evento prova o contrário. E novos tesouros continuam aparecendo.

O sucesso do Festival Internacional do Filme Mudo, que se encerra neste domingo (21/08) em Bonn, surpreende até mesmo as expectativas mais otimistas. Nem o sol nem a chuva mantêm longe os fãs dos primórdios da arte cinematográfica. Quem chega atrasado, tem que assistir a sessão do lado de fora do pátio em arcadas da venerável Universidade de Bonn – um local de exibição pouco usual, no centro da cidade renana. A afluência do público prova, sem sombra de dúvida, que há muito o cinema mudo deixou de ser exclusividade de especialistas.

Por outro lado, deve-se justamente aos especialistas a possibilidade assistir hoje essas obras-primas precoces, quase um século após sua criação. Sobretudo porque sua restauração é extremamente trabalhosa e não desprovida de riscos à segurança.A película de celuloide, utilizada inicialmente, além de ter decomposição rápida, é altamente inflamável: para que se incendeie, bastam 40ºC, e nem mesmo é necessária a presença de oxigênio. Assim, não era raro os estúdios e ateliês cinematográficos voarem pelos ares. Atualmente na Alemanha, esse material é até mesmo regulado pela lei de explosivos.


Arquivos do Instituto Alemão de Cinema

Trabalho arqueológico

O curador do Festival do Filme Mudo de Bonn, Stefan Drössler, também se ocupa do resgate das películas no Museu do Cinema de Munique. Segundo ele, estima-se que apenas cerca de um décimo da produção total do cinema mudo tenha sobrevivido.

Perdas tão grandes não se devem apenas à composição química do veículo das imagens, mas também ao fato de, durante muito tempo, o filme não ter sido considerado um bem cultural. Como a indústria precisava sempre lançar novas produções, via de regra as películas mais antigas eram irrevogavelmente destruídas, terminadas as exibições.




Película reencontrada sobre a infância do poeta Friedrich Schiller

Todos esses fatores aumentam a felicidade quando ainda se conseguem encontrar, nas coleções e arquivos, tesouros considerados perdidos. A Nova Zelândia é uma fonte frequente para tais achados sensacionais: recentemente pôde ser desencavado lá White Shadow, estreia do mestre Alfred Hitchcock como roteirista.

Devido à grande distância em relação aos outros continentes, o país era geralmente o último na lista das distribuidoras. Muitos rolos ficavam simplesmente esquecidos lá, uma vez que as produções já haviam sido vistas em todo o resto do mundo. E o que sobrava era recolhido e guardado. Desse modo, muitos dos filmes que vêm à tona hoje em dia na Nova Zelândia não são assistidos por ninguém há mais de meio século.

Todos esses fatores aumentam a felicidade quando ainda se conseguem encontrar, nas coleções e arquivos, tesouros considerados perdidos. A Nova Zelândia é uma fonte frequente para tais achados sensacionais: recentemente pôde ser desencavado lá White Shadow, estreia do mestre Alfred Hitchcock como roteirista.

Devido à grande distância em relação aos outros continentes, o país era geralmente o último na lista das distribuidoras. Muitos rolos ficavam simplesmente esquecidos lá, uma vez que as produções já haviam sido vistas em todo o resto do mundo. E o que sobrava era recolhido e guardado. Desse modo, muitos dos filmes que vêm à tona hoje em dia na Nova Zelândia não são assistidos por ninguém há mais de meio século.


Lançamento de versão restaurada de "Metrópolis" fez furor em 2010

Repertório vasto

Como bem sabem os frequentadores do festival em Bonn: o "filme mudo" não era, de fato, mudo. Desde o início, as sessões eram acompanhadas por narradores, pianistas, sonoplastas e orquestras. No Japão, por exemplo, um narrador, o benshi, apresentava a história aos espectadores. Mas também boa parte dos acompanhamentos musicais originais perdeu-se. E quando as partituras não mais estão disponíveis, é preciso compor novas músicas.


Antigas obras são sucesso de massa

De início, o lançamento de um festival inteiramente dedicado ao cinema mudo, dentro do evento veranil Bonner Sommerkino, provocou ceticismo: logo não haverá mais nada de interessante para exibir, diziam alguns. Porém, a concepção continua provando-se bem sucedida: clássicos populares se misturam a perfeitos desconhecidos de todo o mundo, o público retorna com prazer.

"Ainda vamos poder mostrar muito filme mudo", promete Drössler. É bom lembrar: desde seus primórdios, a produção cinematográfica não se restringia à Europa Central e os Estados Unidos: também se filmava avidamente na Ásia, União Soviética e Escandinávia, entre outros lugares. O repertório do evento está longe de se esgotar – para alegria dos espectadores.

Fonte:  Deutsche Welle

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