26 de mar. de 2012

Os novos projetos de Terrence Malick

Terrence Malick e Martin Sheen no set de "Terra de Ninguém", de 1973

Terrence Malick era um daqueles cineastas "reclusos": depois de "Dias de Paraíso", de 1978, fez seu terceiro filme apenas 20 anos depois, com "Além da Linha Vermelha", que acabou sendo indicado a vários Oscars. Depois desse, apareceu novamente em 2006, com a obra-prima "O Novo Mundo", e, 5 anos mais tarde, ano passado, com o extremamente comentado e excelente "Árvore da Vida", que mais uma vez foi um sucesso de crítica e público, vencendo, inclusive, o prêmio de Melhor Filme no prestigiado Festival de Cannes. Dos anos 90 pra cá, em comparação ao passado, a produção de Malick aumentou em quantidade considerável, mas agora o salto é assustador, um ritmo quase de Woody Allen: tem quatro projetos na fila, dois deles já em pós-produção. Um é um filme ainda sem título, cujo elenco (estelar) contará com Ben Affleck, Rachel McAdams, Rachel Weisz, a musa Jessica Chastain (a mãe no filme "Árvore da Vida"), Javier Bardem, entre outros; sobre a sinopse sabe-se que a história se passará em um período de vários anos, narrando os conflitos amorosos de um homem em um casamento fracassado. O outro projeto se chama "Voyage of Time", um documentário sobre "o nascimento e vida no universo", e provavelmente utilizará grande parte do material excluído do corte final da sequencia da "origem da vida" de "Árvore da Vida". Outros dois que estão em pré-produção ainda, e com filmagens marcadas já para esse ano, são meio que "projetos paralelos"; ambos contaram, por exemplo, com Christian Bale, Natalie Portman Cate Blanchett no elenco, um chamado "Lawless", que narrará a interseção entre dois triângulos amorosos, e um outro, "Knight of Cups", com menos informações no momento, mas, ao que tudo indica, terá temática similar (e contará, também, com Ryan Gosling e Rooney Mara no elenco). Não há trailers dos projetos, apenas algumas fotos dos bastidores e um vídeo que postei logo abaixo (que mostra Malick filmando Bale em um festival de música), e a maior parte do conteúdo permance em sigilo. Resta torcer para que esses quatro filmes façam jus à espetacular filmografia do mestre.

24 de mar. de 2012

Freiheit, de George Lucas


Antes de ficar famoso e ganhar milhões com a saga Star Wars (e, também, antes de se dedicar exclusivamente a ela), George Lucas era um cineasta que se encaixava dentro da onda da Nova Hollywood do começo dos anos 70 (e não na dos blockbuster do fim desta mesma década), realizando obras pequenas (e muito legais) como "American Graffitti - Loucuras de Verão". Freiheit é a primeira produção com Lucas atrás das câmeras, um curta de apenas 3 minutos, realizado em 1966. Trata de uma espécie de libelo anti-bélico e idealista, e que realmente não é de tanta qualidade, mas vale como um objeto de curiosidade. Está disponível no you tube:

19 de mar. de 2012

"O Hobbit", de Peter Jackson



Peter Jackson era um cineasta essencialmente "filmes z" no início de sua carreira (com filmes como o ultra-trash "Fome Animal"), mas, a partir do filme "Almas Gêmeas", decidiu se dedicar a um cinema mais "sério" e "sofisticado", culminando na trilogia "O Senhor dos Anéis". Mas não, não é dessa vez que Jackson voltará a fazer jus ao tipo de cinema que o lançou (provavelmente nunca voltará): depois de um filme mais intimista (o fracasso "Um Olhar do Paraíso" - que eu acho um bom filme), Jackson volta ao cinema blockbuster, com mais uma adaptação de J.R. Tolkien, "O Hobbit". Narra uma história anterior ao "Senhor dos Anéis", e mostrará o primeiro encontro de Bilbo Bolseiro (neste filme, interpretado por Martin Freeman, o Arthur Dent da adaptação cinematográfica de "O Guia do Mochileiro das Galáxias") com Gollum (uma pessoa mais afeita à trama da série, o que não é meu caso, certamente proporcionaria uma melhor sinopse). Seria mais um sucesso na carreira de Peter Jackson? "O Hobbit" tem estréia programada para 14 de dezembro deste ano, provavelmente mirando a temporada de premiações. Veja o trailer abaixo:


12 de mar. de 2012

"Frankenweenie", de Tim Burton



Após o grande sucesso (de público, ao menos) de "Alice no País das Maravilhas", Tim Burton retorna ao início de sua carreira para fazer um remake de um curta-metragem realizado em 1984, Frankenweenie, dessa vez se utilizando da animação stop-motion e 3D, além, é claro, de um formato de longa-duração (mantendo, no entanto, o preto-e-branco original). O filme é uma espécie de paródia (bem como uma homenagem) da famosa estória de Mary Shelley, Frankenstein, mas, aqui, o cientista é um garoto e o monstro, seu cachorro. Burton já é bastante familiarizado com esse tipo de animação, tendo realizado seu primeiro curta, o ótimo Vincent, em stop-motion, além de ser produtor e roteirista de "O Estranho Mundo de Jack" e diretor de "A Noiva Cadáver"; tendo em vista as belas incursões no formato pelo cineasta, só resta torcer para que Frankenweenie faça jus à fama do diretor. Nos Estados Unidos, o filme estreará em 15 de Outubro deste ano; nós do Brasil, pelo visto, teremos que esperar ainda mais um pouco. Veja o trailer logo abaixo:

9 de mar. de 2012

"Vinil Verde", de Kléber Mendonça Filho

Este é o primeiro curta do cineasta (e também crítico de cinema, mais conhecido pelo site Cinemascópio), vencedor de prêmios no Festival de Brasília e selecionado pela Quinzena dos Realizadores em Cannes. "Vinil Verde" é visivelmente inspirado nas técnicas utilizadas por Chris Marker em seu clássico curta-metragem "Le Jetée" (talvez o maior dos filmes de curta duração) para narrar uma espécie de conto de horror infantil: uma criança recebe de sua mãe uma caixa de discos, mas a garota é proibida de ouvir o vinil verde. O ritmo mais calmo, aquele das cantigas de criança, do quarto cheio de bonecas e do canto dos passarinhos do lado de fora do apartamento, lentamente vai ganhando contornos obscuros (a narração, sóbria e pausada, ajuda muito) na medida em que a doçura da infância vai se diluindo na curiosidade de um universo desconhecido. Kléber Mendonça tem outros curtas prestigiados e que merecem ser conferidos, como "Eletrodoméstica" e "Recife Frio", e, no momento, está preparando seu primeiro longa-metragem, que irá se chamar "O Som ao Redor".

Confira o curta no youtube:


Obs.: O que está disponível no youtube não tem muita qualidade, caso queira vê-lo no vimeo ele é bem melhor http://vimeo.com/10024257)

7 de mar. de 2012

22º CINE CEARÁ, Inscreva-se!


Olá leitores, antes de começar gostaria de me apresentar. Para quem não me conhece, meu nome é Gabriel, já participei de alguns curtas como Ator, Maquiador e Diretor de Arte. Estive afastado("Carreira Solo" kkkkkkk) e agora estou retomando a equipe. Eu me comprometi a entretê-los toda quarta, provavelmente com Tutorias, Making offs, Notícias sobre Festivais e etc... Mas enfim... Deixando a apresentação de lado, vamos ao real conteúdo do post.

22º Cine Ceará-Festival Ibero-americano de Cinema.
"Depois de mais de duas décadas entre os maiores festivais de cinema do pais, o evento cultural mais antigo do Estado vem consolidando sua importância no calendário internacional de festivais ibero-americanos."

É isso ai pessoal depois de muita espera, finalmente chegou a hora, onde nos sonhadores temos a oportunidade de mostrar nosso potencial. O festival acontecerá em Fortaleza, Ceará entre os dias 1 e 8 de junho de 2012. As inscrições estão abertas desde 23 de fevereiro e vão até 31 de Março de 2012.

6 de mar. de 2012

Pelo ralo desce só a lama!

Muitos conhecem a expressão “descer pelo ralo”, mas nós a sentimos ressente quando precisamos cancelar nosso mais ousado projeto (parece que ele foi ousado demais kkkkk). Bem, o constante descompromisso de parte do elenco seja faltando reuniões e ensaios, seja estudando o papel, enfim. Agora, depois de gastarmos muito tempo, trabalho e dinheiro neste projeto, o colocamos na gaveta e retomamos a estrada! Produzir cinema no Brasil é difícil, produzir cinema no Ceará é mais difícil, produzir cinema sem muitos recursos, apenas com uma câmera barata, uma ideia na cabeça e muito empenho e vontade é muito mais difícil, mas a conquista será muito mais saborosa! Nós não desistiremos tão fácil, e já temos outros projetos na cabeça, como o festival do minuto, o 22º Cine Ceará, o nosso projeto de stopmotion, que breve faremos algumas experimentações com outros tipos de materiais e muito mais! É isso ai, como diria o mestre Glauber Rocha, “câmera na mão, ideia na cabeça!” E vamos continuar, porque o que desceu pelo ralo foi a lama, o que é de bom continuou! =D

"Mãe e Filha", de Petrus Cariry



Eu tive o prazer de ver este filme, dirigido pelo cearense Petrus Cariry (filho de Rosemberg Cariry), no Cine Ceará de 2011, mas sua estreia nacional ocorrerá este mês, no dia 16. É o segundo longa de Petrus (o primeiro, "O Grão", também foi muito elogiado), narra a história de uma mulher que viaja para o sertão para reencontrar sua mãe, trazendo, também, seu filho natimorto. Na verdade, falar a fundo de uma "sinopse" para "Mãe e Filha" é um erro, pois é um filme que se importa mais, na verdade, com o que está oculto na relação entre as personagens-título, mergulhando menos na linearidade e mais nas sensações que movem as personagens. Cinema de atmosfera, que retira do silêncio, dos mínimos sons e dos espaços, e dos fantasmas (memórias, perdas) que os habitam. "Mãe e Filha" também dialoga muito com algumas características bastante presentes em cineastas contemporâneos, remetendo, por exemplo, ao tailandês Apichatpong Weerasethakul (não tentem pronunciar o nome) ou do argentino Lisandro Alonso (para ficar em um nome mais conhecido: também pode agradar a quem gosta de Terrence Malick), mas é uma obra, é claro, com brilho e intensidade própria.


Confira o trailer de Mãe e Filha

2 de mar. de 2012

Adágio (2000), de Garri Bardin


Entrando na onda de filmes em stop-motion que a Filmes Z recentemente adentrou (com o curta-metragem Wurms), venho aqui falar sobre um dos grandes exemplares desta técnica, o curta Adágio, do russo Garri Bardin, realizado em 2000. O ritmo é extremamente solene e a trama se desenrola elaborando uma áspera crítica social, à nossa incapacidade de conviver com diferenças e nossa tendência à uniformizar e padronizar, bem como pode servir como uma metáfora ao cristianismo e à cegueira comumente atribuída pelos seus seguidores. Ao contrário dos curtas de outro mestre do stop-motion, Jan Svankmajer, Adágio não é feito, por exemplo, com a utilização de massa de modelar, e sim, curiosamente, com origamis. Vale ver!